Malabares – Marina Porteclis

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Três mulheres, três destinos, três pinos de cores diversas soltos ao céu aberto como se alçados da mão de uma habilidosa malabarista: foi assim que Dóris, Aída e Corina se (re)encontraram na vida, numa esquina qualquer daquelas em que viramos e logo desembocamos em avenida.

Dóris foi o pino que logo ganhou altura mais elevada. De cores claras e leveza incontida, cintilou ao sol de meio-dia ao se despir das molduras, dos esquadros, dos sapatos, dando asas aos pés, ideais e sentimentos, ganhando a liberdade e a vida.

Aída foi o pino que insistia em se fixar no andar intermediário. E assim, num equilíbrio torto – em que pese a contradição na gramática e na lógica dos cientistas –, mantinha-se com as cores básicas, sem mesclas, sem ousadias, nem pinceladas dadas pelo acaso. Por medo das colorações e combinações; dos gestos naturais e dos improvisados; das exposições e dos fracassos, optou por viver na metade do movimento necessário: à meia-luz, à meia-sombra, à meia-vida. Nem em cima, nem embaixo; nem no escuro, nem no claro; nem feliz, nem infeliz, apenas respirando sem altear o compasso.

Corina, o pino mais baixo, vindo do submundo dos ciclos: ciclos dos malabares e dos labirintos, entre os quais se criou, inventando verdades e matando mentiras, sempre à beira do abismo. De cor escura e peso de chumbo, desejava se sobrepor a todos, sem mantê-los girando consigo. Queria mesmo atravancar a arte dos malabares, destruir os pinos e seus pilares, devastar, nos outros, o que, em si, enterrara há anos, no subsolo de seus sonhos, onde o amor deixou de ter cor e, seus olhos, brilho.

Todavia, como disse o poeta, a vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida. E foi num arremesso desses do destino, que as três mulheres – os três pinos, tão diversos, tão distantes, tão distintos – uniram-se e passaram a girar juntas, mudando de posição e de ritmo, enquanto o sinal de trânsito não abria. Até que o verde se fez presente e elas, já sem as mãos nas direções, seguiram.

Mas… no meio do caminho havia um trevo de quatro folhas, havia um trevo de quatro folhas no meio do caminho.

 

Informação adicional

Peso 0,440 kg
Dimensões 14 × 21 × 2,5 cm

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